quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dar um rosto à deusa

   
   As pessoas são contraditórias, afirmam constantemente incongruências sem aparentarem qualquer tipo de conflito interno. Isto é especialmente verdadeiro no campo do mágico religioso: "Não acredito em bruxas, mas lá que as há, há!", "Não sou nada católica, não ligo nada a Deus e essas coisas, mas pela Nossa Senhora de Fátima tenho uma devoção enorme, já me ajudou muito." Esta ultima afirmação fascina-me especialmente, mais uma vez deparo-me com um fenómeno curioso. Os católicos, reconhecem Deus como o todo poderoso mas relacionam-se muito mais intimamente com o santos, porquê? Porque se sentem as pessoas mais próximas dos santos que do seu deus omnipotente?
  
   A resposta que vos sugiro surge na obra conjunta de Diana L. Paxon e Marion Zimmer Bradley, A Sacerdotiza de Avalon: - Porque é dificil amar uma coisa distante e sem rosto. Proibidos de representar Deus os católicos acabam por praticar idolatria com os santos pois não resistem a esta necessidade humana de criar representações. E eu também não escapo a esta necessidade, antes de vir para Coimbra todas as noites esticava o pescoço fora da janela e procurava a lua. Mas agora que os meus pais mudaram de casa, nem ao fim de semana posso fazê-lo e senti a necessidade de um novo rosto.
   
   Vai daí voltei a tropeçar numa estatueta que deambula pela casa desde a minha infância. Uma mulher envolta num manto azul, com um crescente aos pés e rodeada por crianças, que muito bem podia ser a junção das duas facetas Donzela e Mãe.  Trata-se da Senhora da Imaculada Conceição, protectora das crianças, um sincretismo sedutor não estivesse a imagem benta.
  
   Portanto a busca continua  e embora tenha encontrado diversas imagens lindíssimas na net quero algo mais palpável e pessoal. Penso que vou seguir a sugestão Jeane do Witch Clubhouse e criar eu mesma um rosto com massas e grãos pois quero tê-la na minha cozinha.



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