terça-feira, 7 de setembro de 2010

Males de Inveja - SOS para invejosos e invejados



   É um simples facto, boa parte da população do planeta está neste momento a pensar neste assunto. - Fulano parece ter inveja de mim, mas porquê? - Será que aquele invejoso me vai prejudicar? - É bom saber que sicrano se está a roer de inveja! - Como é que eu me livro deste sentimento horrível, não consigo parar de sentir inveja? - Isto só pode ser mal de inveja! - Aquele(a) invejoso(a) lançou-me um feitiço.

   Inveja... há todo o tipo de histórias que alertam para o seu perigo e todo o tipo de amuletos, rezas, técnicas e especialistas que nos prometem livar-nos dela. Desde as mais pragmáticas às mais esotéricas, há de tudo um pouco e todos nós, quer como invejoso quer como invejado, já recorremos a alguma.

   Recentemente surgiram uns comentários anónimos aqui no blog a propósito deste assunto um deles até parecia um pedido de ajuda. Foi coisa que me intrigou, como poderia eu ajudar?

   Bem vou ser sincera convosco, sou uma pessoa que se esforça por ser racional e prática e acho que o caminho do mágico religioso serve muito pouco para este problema e inclusive potencia uma certa hipocondria. O que não falta por aí é pessoas a beber água benta antes de sair de casa e marginalizados por alegadamente possuirem algum tipo de mau olhado congénito.

   Se nos apercebemos que alguém tem inveja de nós deviamos compadecer-nos dessa pessoa e não retribuir-lhe pragas e ódio. É que ser ou estar invejoso torna quem quer que seja miserável. O invejoso no estado mais avançado da patologia não consegue estar satisfeito com nada benéfico para si próprio, apenas com algo que reduza aquele que inveja. E assim deixa de viver a sua própria vida e passa a viver a de outrém.

   A primeira coisa que devemos pensar quando nos apercebemos que alguém nos inveja é se essa pessoa está a ser de algum modo menosprezada injustamente por aqueles que nos valorizam. Se isso se verifica e nós quizermos ser justos devemos restituir a justiça. Porém muitas vezes aquilo que os outros invejam em nós são coisas que não podemos mudar ou que nos pertencem com toda a legitimidade. Nesse caso aconselho simplesmente que ignoremos esse pobre diabo e que só o castiguemos se ele cometer realmente algum crime. Passar menos tempo a topar o que os outros pensam de nós também pode ser uma boa maneira de fazer desaparecer o problema e não nos tornarmos hipocondriacos, rodeados de amuletos de protecção, orações e a gastar largas somas em especialistas.

   Mais grave é o caso quando somos nós próprios os invejosos. Primeiro passo, porque sinto isto? Estou a ser injustiçado ou isto é disparatado? O mais provável até é não gostar-mos de algum aspecto em nós próprios, algum aspecto que o outro tem e que lhe facilita a vida. Por exemplo: facilidade de aprendizagem, à vontade ou um mero palmo de cara. Temos que aprender a gostar de nós, temos defeitos mas também temos coisas boas, se calhar não podemos mudar esse bem dito aspecto mas podemos melhorar outros. E acima de tudo temos que viver a nossa vida. Às vezes isso pode implicar mudar de ambiente deixar de estar com a pessoa que invejamos para quebrar o sentimento de concorrência e ir em busca dos nossos próprios sonhos. Atenção os nossos sonhos quase nunca são aqueles que aquela pessoa que invejamos realizou atingindo assim o sucesso.
      
   Claro que há aqui uma questão cultural que não pode ser negada, há culturas que assumem a inveja como mais perigosa e outras como menos. E o que não faltam são evidencias de ambas as opiniões. Mas mesmo que o leitor tenha nascido num meio em que a inveja gere grande temor isso não o livra de ser critico em relação ao que lhe ensinaram e quem sabe até concordar comigo.