quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Cruzada contra o Neopaganismo - afinal existe!!!

     Isto para mim foi novidade, eu juro que nunca me passou pela cabeça que houvesse uma guerra declarada ao neopaganismo.    
    Eu já tinha ouvido queixas de neo-pagãos quanto a este tipo de discursos mas pensei que acusações especificas aos neopagãos fossem casos isolados. No fundo haveria um zum zum zum igual ao que se faz a qualquer não crente. Julguei que no máximo nos julgassem tolos ou o mesmo que o satânicos e aqui entenda-se satânicos à moda de hollywood. Mas daí, a existirem lições no youtube em que um mestre explica como e porquê se tem de combater o neopaganismo, vai um grande passo.
    Isto é um apelo à cruzada e no meio de tanto absurdo vê-se que o alvo já está bem definido. Ainda bem que, segundo este senhor, só nos querem combater com armas espirituais: " a palavra de Deus, o nome de Jesus Cristo e o sangue de Jesus". Safa!!! Se fosse em autos de fé acabávamos todos na fogueira de um dia para o outro, e eu nem sabia porquê.
    Enfim!!! São 5 vídeos onde acusam o neopaganismo e os seus crentes de coisas tão fantásticas como:
  • Sacrifícios Humanos
  • Promoção da homossexualidade e do incesto
  • Origem da SIDA
  • Perseguir a Igreja
  • ...
E ainda algumas pérolas como a excelente pronuncia da palavra "wicca" que o senhor amavelmente explica poder ser pronunciada como: "vica ou uica ou uaica". Vá lá, pelo menos acertou uma vez.


   Posto isto, o que raio faz um neopagão para se defender? Bem, não podemos desatar nós a queimá-los na fogueira sob pena de ficarmos iguais... Por isso, só nos resta viver a nossa vida normalmente, levar isto com sentido de humor e esforçarmos por ser bons cidadãos. Não deve ser difícil superá-los em cidadania tendo em conta que pelo menos somos mais tolerantes. 

Ps. - Eu nem fui ver especificamente qual foi o grupo religioso que lançou os vídeos porque a partir do momento em que está na net qualquer cabecinha se apropria destas ideias, pelo que seria um trabalho inútil.   

Até à próxima meus Viccanos e simpatizantes de heresias ;P

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O yoik - um cantar sagrado em louvor da Vida

  
Olá!
   Hoje deixo-vos dois videos sobre o yoik/joik que é apenas uma das forma de cantar tradicionais da cultura Sami mas talvez a mais popular. Como nos explicam no primeiro video (a partir dos 03:08), a prática do yoik é na sua origem ligada à religiosidade tradicional dos Sami, bastaria isso para que eu aqui publicasse algo sobre ele, mas o que mais me atraiu no yoik foi o facto de não incluir obrigatóriamente palavras. Trata-se de uma forma de expressão essencialista, em que nos envolvemos realmente com os elementos e expressamos sentimentos e emoções e por isso tão fácil de incluir nas nossas práticas pessoais. No fundo parece-nos familiar, não? Quantas vezes já cantarolamos uma melodia ao olhar pela janela num frio dia de inverno ou porque acordámos cheios de energia num dia cheio de sol?  


O tambor é a Mãe Terra, a batida o bater do seu coração!




terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mito Iroquês - A origem da medicina

 

 Olá!!!
   Achei este mito Iroquês especialmente interessante e decidi partilhar, espero que gostem e gostava que partilhassem as vossas opiniões sobre ele.

  «Antigamente, os animais eram dotados de fala e viviam em alegre harmonia com os homens, mas a humanidade começou a reproduzir-se tão depressa que os animais foram forçados a morar nas florestas em lugares desertos, e a velha amizade entre animais e homens foi esquecida. A brecha alargou devido ao invento das armas mortais, com as quais o homem começou a matança indiscriminada dos animais para obter a sua carne e as suas peles.

   Os animais, a principio surpresos, cedo se enfureceram e começaram a pensar em modos de retaliação. A tribos dos ursos reuniu o seu conselho, presidido pelo Velho Urso Branco, o chefe. Após vários intervenientes terem denunciado as tendências sanguinárias da humanidade, foi decidido unânimemente que seria declarada guerra; mas a falta de armas era olhada como uma grande desvantagem. No entanto foi decidido que as armas dos homens deveriam ser viradas contra eles mesmos e, visto que o arco e a flecha foram considerados os principais agentes humanos de destruição, ficou decidido que seria criada uma imitação. Foi trazido um pedaço de madeira adequado e um dos ursos sacrificou-se para assim poderem obter cordas feitas de tripa para o arco. Quando o instrumento foi acabado, descobriu-se que as garras dos ursos interferiam no disparar da arma. Um dos ursos cortou as suas garras, mas o Velho Urso Branco disse sensatamente que assim não conseguiriam subir às árvores, nem tão pouco caçar; por isso, se as cortassem, morreriam todos à fome.

   Também os veados se reuniram com o seu chefe, Pequeno Veado. Foi decidido que todos os homens que matassem um membro da tribo dos veados sem depois pedirem perdão de maneira correcta, passariam a sofrer de reumatismo. Deram a conhecer esta nova regra a um acampamento de índios que se encontrava ali perto e explicaram-lhes como haviam de fazer para compensar o facto de terem matado um dos membros da tribo dos veados. Decretaram que, quando um veado fosse morto por um caçador, o Pequeno Veado correria para o local e, dobrando-se sobre as nódoas de sangue, perguntaria ao espiríto do veado que morrera se tinha ouvido a oração do caçador em forma de pedido de desculpa. Se a resposta fosse “sim”, tudo ficava bem e o Pequeno Veado ir-se-ia embora mas se a resposta fosse negativa, ele seguiria o caçador até à sua tenda e atingilo-ia com reumatismo, de maneira a que se tornasse um inválido inútil.

   Depois foi a vez de os répteis e os peixes se reunirem, ficando decidido que assombrariam todos aqueles que os atormentassem com sonhos em que cobras e serpentes se enrolavam nos seus corpos ou em que eles comiam peixes em decomposição.

   Por fim, os pássaros e os insectos e os animais mais pequenos reuniram-se também para o mesmo efeito. Cada um de sua vez deu a opinião e o consenso a que chegaram foi contra a espécie humana. Eles imaginaram e puseram o nome a várias doenças.

   Quando as plantas, que eram amigars dos homens, ouviram o que os animais estavam a planear, decidiram fazer com que as suas tentativas de destruir os homens saíssem furadas. Cada árvore, arbusto, relva ou mesmo erva decidiu criar um remédio para algumas das doenças referidas. Quando o médico tinha dúvidas no que dizia respeito ao tratamento a administrar para o alívio de um paciente, o espírito da planta sugeria um remédio adequado. Foi assim que nasceu a medicina.»
SPENCE, Lewis, 1997, Guia Ilustrado de Mitologia Norte-Americana, Lisboa, Editorial Estampa

Em defesa das vossas janelas


 
 
     Marian Green e Arin Murphy-Hiscock são algumas das vozes defensoras da observação directa das fases da lua em vez do uso do calendário, pois na sua perspectiva é um acto que desenvolve a nossa conexão com os ciclos da natureza e nos desliga do mundo do cronómetro. No entanto para muita gente a observação directa não é muito prática, estão demasiados agarrados à ideia de precisão que o calendário oferece, de vez em quando ainda trocam um crescente com um minguante, ou simplesmente por condições climatéricas ou desconhecimento já passaram bastante tempo a prescutar o céu e não viram lua nenhuma, sendo que não era lua nova.
 
    Ora porque também eu sou defensora da observação directa aqui vão algumas dicas e esclarecimentos:

  1. Quando a lua tem a forma de um D é donzela (crescente) e quando tem a forma de um C é anciã (minguante). 
  2. No inglês o termo new moon (lua nova) tanto pode dizer respeito a new moon/crescent moon, que é diferente de Waxing moon (quarto crescente), como new moon/dark moon.
  3. A lua não nasce sempre à mesma hora:
  • A lua nova/crescente (new moon/crescent moon) nasce sempre várias horas depois do nascer do sol pelo que não a conseguimos ver pelo brilho solar na sua próximidade. O primeiro vislumbre que temos desta lua é um fino crescente, as duas pontas voltadas para cima e para a esquerda, baixa no horizonte a oeste ao pôr do sol. Quando o crescente é contemplado pela primeira vez, pode por vezes perceber-se o resto da lua na sombra.
  • O quarto-crescente (waxing moon) nasce entre o meio da manhã e o final da tarde, e põe-se perto da meia-noite.
  • A lua cheia (full moon) nasce sempre ao pôr-do-sol. 
  • O quarto-minguante (waning moon) nasce entre a tarde e o final da noite.
  • A lua escura/lua nova (new moon/dark moon) nasce com o sol e por isso não a conseguimos ver.
   
     Acreditem, pode parecer um mero detalhe pegar no calendário ou esticar o pescoço para fora da janela mas existe uma grande diferença. Enquanto os calendários muitas vezes se encontram normalizados segundo a convenção dos 30 dias e apenas assinalam o zénite de cada fase em termos astronómicos, a observação menos precisa convida-nos à intuição e à relação diária com todo o ciclo. É por isso que momento em que um observador sente uma anciã já tão ténue que a declara de coração uma dark moon será certamente distinto do assinalado pelo calendário. E o mesmo se passa com o momento em que nos deparamos com uma viçosa new moon/crescent moon ao cair da noite, é de facto sentido como o regresso da donzela bem antes do dia marcado com o crescente no calendário (uma verdadeira Waxing moon).
 
    Se não uso mesmo o calendário? Sim às vezes uso, por exemplo no Inverno quando se passam noites seguidas com o céu nublado. Mas a observação permitiu-me desenvolver uma relação intensa na qual com o tempo aprendi a confiar e não é invulgar que quando lhe perco as contas me limite a deitar com as persianas levantadas e a janela com uma fresta aberta para ser acordada pelo luar e logo ver a minha dúvida esclarecida.
 
    A observação do nascer ou pôr-do-sol também é muito importante e defendida por Green, ajuda-nos a conhecer o ciclo da estações, a conhecer o meio ambiente que nos rodeia e na relação com o divino. Pessoalmente gosto de ter consciência do nascer do sol e por isso regra geral não me importo que ele me acorde. Até porque sou daquelas pessoas que se não tencionar levantar da cama, acorda, sorri, vira para o lado e dorme.

 
Acho que cada um deve estabelecer a sua estratégia mas todos deviam experimentar a observação directa.

  



Nascer do Sol por Hugo Graça


Bibliografia:
GREEN, Marian, 2002. A Witch Alone – Thirteen moons to master natural magic, Thorsons
MURPHY-HISCOCK, Arin, 2005. Wicca Solitary for Life, Avon – Massachusetts, Provenance Press





  

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Oferta ao Vento


   Uma oferta ao vento e a uma nocturna criatura alada que me inspira melhor do que faria uma fada ;)
   É o primeiro espanta-espiritos que faço, coisas simples que eu cá sou desajeitada, mas até que ficou porreiro e é sem duvida a oferenda indicada áquele que é para mim talvez o espirito/elemento/aspecto mais inspirador, íntimo e aliado.

Vai em paz e sem rancor da humanidade!

   

    Mórbido? Nojento? Talvez... mas eu faço.
    Se há coisa que me azeda o dia nos trajetos quotidianos é assistir à decomposição dos animais atropelados. Ainda que por vezes uma alma caridosa os arraste para a berma a fim de evitar o repisamento, vezes demais o corpo por ali fica. Não aparece o dono para o sepultar nem nenhuma entidade para recolher o cadáver da via publica.
    Mas às vezes passo eu e ao ver um novo corpo pesa-me o coração, fico ruim com a vida. Talvez um acidente... Talvez evitável... Talvez premeditado.... Então perante um corpo fresco faço algo que para a maioria das pessoas é parvo, peço ao espírito do animal que parta em paz e sem rancor da humanidade, e se tiver ao meu alcance pego nele e enterro-o. Fico sempre a pensar no sofrimento do possível dono que talvez gostaria de ser ele a despedir-se, mas sinceramente prefiro ser profilática.
   Quem me vir a tomar esta atitude certamente fica extremamente enojado e a achar-me demente (aliás tal coisa já aconteceu) mas eu cá sinto-me muito melhor em fazer alguma coisa. Este ano já foram três, dois deles meus conhecidos, todos gatos. 
   A decomposição é sempre uma visão desagradável mas na via publica é indigna.        

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um novo Pinhal


    Apesar de continuar a não sentir o Verão e de ter falhado as minhas colheitas anuais, hoje aconteceu algo muito positivo e esperemos que animador. Sim, depois das melhorias na visualização, tenho andado um pouco em baixo porque não me sinto em sintonia com a estação e tenho tido alguns problemas alimentares. Em Maio o calor abrasador e todas aquelas chuvas convectivas anteciparam muitas coisas que eu por teimosa confiança no calendário não colhi. Mas agora parece não estar calor suficiente para muitas outras, e assim parece estar tudo ao contrário. Eu bem que sinto o vento chamar-me mas não com a voz do Verão e isso confunde-me.
    Hoje, porém, descobri um novo pinhal, é muito pequeno mas está cheio de vida e o acesso é muito mais discreto que o anterior, pelo que tenho esperança que se torne o meu novo sitio para estar e aprender. 
    Como fui lá aproximadamente uma hora antes do anoitecer pude ficar quieta e ver a vida a tornar-se cada vez mais agitada à minha volta. É um local muito bom para observar aves o que me despertou curiosidade sobre o assunto, afinal eu bem que podia aprender a distinguir algumas. E porque não também rastos de animais? E distinguir espécies de borboletas? E fazer um herbário para fixar de vez umas quantas árvores?
    Enfim, estou como uma criança cheia de planos e porquês, mas como estou de férias quem sabe se não vou mesmo prosseguir com algum destes desejos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Novidades sobre Visualização - Já espreito o Caldeirão

O que usei é igual a este mas de 1/2 L e s/ tampa


   Olá!
   Já há uns tempos que não vos dava noticias sobre a minha demanda e decidi postar hoje porque não é justo que o faça apenas quando as coisas vão mal. Pois é as noticias são boas e penso que devo começar por agradecer ao Jopz por me ter sugerido que experimentasse novos estimulos que não concretamente visuais. Realmente isto permitiu-me ter uma postura mais relaxada e em vez de considerar o meu comportamento imaginativo meramente problemático, ser capaz de explorar as suas potencialidades.

   A coisa tem estado a correr tão bem que esta lua decidi experimentar espreitar o caldeirão/taça, “to scry in”. Para esta actividade eu tinha duas fontes, por um lado a Marian Green em A Witch a Alone: “[...] This moon-blessed water can be used to scry in, placed in a clear vessel on a dark background, perhaps contained within the circle of candle light just as the old witches used to scry in their seething cauldrons. Focus your inner sight on the depths of the water when it has become still, and then relax with your eyes closed. Ask the moon to bless your vision, and gently open your eyes, gazing steadily but without strain into the water. See what you notice, but do it in a calm way, allowing any changes to occur without breaking your detached mode of thought. Nothing may happen the first time you try, but if you persist you will begin to see a milkiness in the water, vague patterns of colour, points of light, and over a few sessions, these will grow clearer and eventually become pictures, symbols, numbers, words, figures, or simply voices in your head telling you things. […]”

   Por outro os conselhos de Hengalardel que realizou o exercicio com sucesso num workshop: “Enches o caldeirão de àgua numa sala escura e depois acendes uma vela que posicionas de modo a que vejas o interior do caldeirão mas não o teu reflexo nem o da vela. Respiras fundo seis vezes e depois abres os olhos e fixas a vista até começares a ver alguma coisa, não te podes mexer nem fechar os olhos.”

   Dado que nenhum referia psicotrópicos deduzi que os factores chave para o exercicio seriam o contraste luz escuridão e o fixar do olhar durante um periodo prolongado. Ora apesar disto eu ainda estava com duvidas quanto ao modo de criar um jogo de luz propicio. Mas a vontade de experimentar era tanta que acabei por seguir o instinto e experimentar ainda que de um modo diferente.

   Numa noite de crescente, com água preparada de véspera, fui para um local escuro peguei numa vela e posicionei-a quase debaixo do caldeirão. Deste modo a boca do caldeirão fica escura como bréu e rodeada por um aro de luz como num eclipse total. Fechei os olhos relaxei e comecei a abri-los muito lentamente ficando a fixar a boca do caldeirão com os olhos semicerrados e a visão um pouco desfocada. O que me pareceu certo porque aquilo que eu queria ver não se via com os olhos da razão. Com este fixar sem pestanejar a dada altura (e não foi preciso esperar muito tempo) comecei a ver uma neblina branca a espessar dentro do caldeirão. Estava convencida que acabaria por começar a vazar e que traria consigo simbolos e imagens, mas neste momento ouvi-me a mim própria a fazer uma pergunta que me perturbou e na qual ainda estou a pensar. Com isto vacilei e acabei por não me conseguir fixar novamente pelo que decidi voltar para a cama. Enfim posso ter feito tudo mal mas ao mesmo tempo sinto que obtive algo, consegui concentrar-me e ver qualquer coisa.

   Estou agora a experimentar as outras técnicas para perceber qual a melhor para mim, até porque os jogos de luz anteriormente propostos parecem bastante diferentes disto. Quero também tentar as diferentes fases da lua e recipientes dado que o caldeirão tem pinta mas não é muito prático, aliás só optei por ele porque não achei nenhuma taça de jeito.

   Fica aqui a minha partilha com um convite à troca de experiências.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Menstrual Monday - 3 de Maio


    Neste dia comemora-se a Menstrual Monday, um dia promovido por um movimento activista pela menstruação que pretende uma imagem da menstruação mais positiva, recusando associá-la a: dor, TPM, segredo e sentimentos de sujidade.

   O movimento é umbilicado na revolta contra a onda de casos de síndrome de choque tóxico* que terá ocorrido no anos 90, no eco-femininismo e nos cultos ao sagrado feminino.

   Assim promovem o uso do moon-cup ou absorventes de tecido mais ecológicos que os produtos vulgares. Defendem que a mulher tem direito a passar pela experiência da menstruação de forma reconhecida, espiritualmente enriquecedora e até lhe sejam reconhecidas necessidades especiais. Pois entendem que estas advém de uma diferença natural e não de uma qualquer desvantagem, contrapondo assim pelo menos em parte a lógica do feminismo da década de 70.

« [...] o período menstrual é um momento de desacelerar e fazer um check-in interno. “O que aconteceu neste último capítulo da minha vida? O que meu corpo está me dizendo? Se eu tive um mês ruim, estressante, a menstruação sempre é mais dolorida, o fluxo maior. É um sinal de que eu não estive atenta às minhas necessidades”, escreve. Ela diz que não acredita em Tensão Pré-Menstrual. “Eu creio em Sensibilidade Pré-Menstrual: uma vez por mês eu entro em uma sintonia maior com meus sentimentos e intuições. Minha menstruação não é suja – é sagrada”».
                

 
* O síndrome do choque tóxico é causado por toxinas produzidas pela bactéria Staphylococus aureus é mais comum em mulheres menstruadas e mais frequente nas que recorrem ao tampão. O desenvolvimento do síndrome é rápido e pode ser fatal, daí que algumas marcas incluam no seu folheto informativo a descrição dos sintomas.



Fontes:
http://segundavermelha.blogspot.com/
 (em mudança para http://www.campanhasegundavermelha.org/)
http://www.moltx.org/
http://www.tampao.com/

terça-feira, 12 de abril de 2011

Something is happening

Primeiro fui capaz de antever e ensinar.








Depois percebi que só faltavam 3 luas para chegar o momento de uma promessa. Dei por mim a pensar em luas e gatos, mas porquê pretos? Pareceu-me clichê.











Então num dia e numa noite só vi gatos pretos e secretamente estranhei.











Chegou o fim de mais uma semana e a noite encheu-se de sons que o xamã estranhou e a escassos palmos da minha cara eu via e ele quase que não.







Na minha cabeça ainda sinto o bater daquelas asas, o som da deslocação do ar... o tempo a parar e eu entre o passado e o presente a ver-me a mover... a boca a abrir-se... o meu braço a erguer-se com o indicador em riste e a palavra sofucada a formar-se esvair-se num: - Olha!!!

Por isso agora sei mas tenho medo de dizê-lo: Something is happening with me!!!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Serração da Velha


   Agora que já começa a cheirar a Primavera e todos começamos a sentir um impulso de renovação, deixo-vos dois relatos de uma prática tanto quanto sei já extinta na minha zona e que costuma ser interpretada como parte dos ritos de renovação da época. É de notar que neste concelho nem mesmo a sóbria quaresma, num tempo em que 99,9% da população era católica praticante, conseguiu por travão à energia da estação tão convidativa à folia.

“Era feita na quarta feira que meava a Quaresma. Juntavam-se os rapazes com todos os utensilios que semanas antes conseguiram juntar: latas velhas, campainhas das vacas, chocalhos, paus, etc.


Iam a casa de todas as pessoas mais idosas do lugar. Havia os que colaboravam e os que «afinavam», quando o porta voz do grupo perguntava:

- Ó velho, o que dás para o enterro?

- Um copo de vinho!

- Ó rapaziada toquem-lhe os sinais cada vez mais!

E a algazarra era ensurdecedora, entravam para a adega e bebiam com o velho.

E seguiam para outro velho/a.

- Ó velho o que dás para o enterro?

- Os tomates do meu bezerro!

- Ó rapaziada toquem-lhe os sinais cada vez mais!

Em casa da tia Ana:

- Ó velha o que dás para o enterro?

- Ó seus malandros esperem aí!

E pela porta ou janela vinha um tição de lume, uma infusa de água ou um «penico de mijo» (já tudo esperado).

A festa e o barulho redobravam.

- Ó rapaziada toquem-lhe os sinais cada vez mais!

A outros atavam a porta por fora, não dando possibilidade ao morador de fazer o que quisesse; mas era massacrado até que ao grupo apetecesse.



Recolha feita na Torre (Fev/87)"





“A ti Rosa é velha velhota

Salte cá para fora

Para levar uma serrota



O ti António é velho velhote

Salte cá para fora

Embrulhado no seu capote



A ti Joséfa é velha velhinha

Salte cá para fora

Para nos dar uma pinguinha



A ti Joaquina é velha magrinha

Salte cá para fora

E venha dar-nos uma sardinha



A ti Ermelinda é velha regateira s

Salte cá para fora

Dê-me uma merendeira



O ti João é velho e malandrau

Salte cá para fora

Para levar com o pau



O ti Adriano é velho matreiro

Salte cá para fora

Tocar no pandeiro



O ti Afonso é velho refilão

Salte cá para fora

E agarre o cão



Isto fazia-se ao meio da quaresma. Juntavam-se uns homens com umas latas e uns serrotes corriam as casas todas do lugar a cantar estes versos.

Recolha feita em Santo Antão (Fev/87)”



   

 


    
       

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

2 de fevereiro - Senhora das Candeias

 flor de oliveira por M Cruz


    Imbolc, Candlemas, Festa de Brigida... por aqui tradicionalmente chamamos-lhe Dia da Senhora das Candeias, nome cristão que remete para o fogo, que logo se associa ao festival (neo)pagão. Segundo a minha avó este dia assinala o inicio da floração das oliveiras (oliveiras = azeite = luz) e é tempo de se comerem filhoses (antigamente tb fritas em azeite), que segundo ela têm anualmente três dias específicos: o natal, 8 de Dezembro (Imaculada Conceição) e este.
   Igualmente tradicionais em Portugal são os prognósticos do tempo e existem diversos dizeres semelhantes ao seguinte:  «se as candeias rirem o Inverno está dentro, se as candeias chorarem o Inverno está fora». Ou seja, se neste dia fizer sol metade do Inverno ainda está para vir, mas se chover metade do Inverno já se foi. Vamos todos prever até porque se falharmos podemos desculpar-nos dizendo que é ano de El ninõ ou La ninã ou que os tempos estão todos trocados...  ;P 
   Deixo-vos então uma receita que não é de filhoses mas de sonhos, que vá lá são parentes e neste caso pelo muito fáceis e rápidos de fazer.

Sonhos Pobrezinhos
(a receita tem este nome por ser considerada uma versão mais económica que as tradicionais)

1 ovo
6 colheres (sopa) de farinha
1 colher (chá) de fermento em pó para bolos
raspa de 1 laranja e sumo de meia
1 pitada de sal
água q.b.

Óleo de girassol (para fritar)


Desfaz-se a farinha num pouco de água; junta-se a raspa e o sumo de laranja, o sal, o fermento e a gema de ovo e por fim a clara batida.
Fritam-se em óleo vegetal, doseando-se a massa às colheradas. quando estiverem bem loirinhos tiram-se, põem-se a escorrer e passam-se por açúcar e canela ainda quentes.

Obs: Há quem goste de adoçar um pouco a massa ou aromatizar com um pouco de agua ardente. Eu cá acho que devem seguir a vossa intuição e adaptar a receita de forma tão simples ou exuberante quanto vos apetecer. 






segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cantico das Criaturas de Francisco de Assis



   Costuma-se dizer que não há regra sem excepção e S. Francisco de Assis sempre me pareceu uma no seio do catolicismo. Hoje deixo-vos o cântico das criaturas ou cântico do irmão sol, é uma publicação cliché para um blog como o meu, mas não resisti porque, num mundo em que o homem fora colocado no centro do universo, tratar por irmã a mãe terra soa a heresia.
   Mesmo hoje o franciscanismo destaca-se por focar a relação com a natureza sendo fascinante ler sobre o Humanismo Franciscano e a Ecologia. Para quem sinta curiosidade por esta teologia que se aproxima dos valores do xamanismo e do neo-paganismo aconselho uma visita ao site: http://www.capuchinhos.org/. como primeiro passo para uma pesquisa segura do assunto.



Cântico das Criaturas



Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,

a ti o louvor, a glória,

a honra e toda a bênção.

A ti só, Altíssimo, se hão-de prestar

e nenhum homem é digno de te nomear.



Louvado sejas, ó meu Senhor,

com todas as tuas criaturas,

especialmente o meu senhor irmão Sol,

o qual faz o dia e por ele nos alumias.

E ele é belo e radiante,

com grande esplendor:

de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.



Louvado sejas, ó meu Senhor,

pela irmã Lua e as Estrelas:

no céu as acendeste, claras, e preciosas e belas.



Louvado sejas, ó meu Senhor,

pelo irmão Vento

e pelo Ar, e Nuvens, e Sereno,

e todo o tempo,

por quem dás às tuas criaturas o sustento.



Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Água,

que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.



Louvado sejas, ó meu Senhor,

pelo irmão Fogo,

pelo qual alumias a noite:

e ele é belo, e jucundo, e robusto e forte.



Louvado sejas, ó meu Senhor,

pela nossa irmã a mãe Terra,

que nos sustenta e governa,

e produz variados frutos,

com flores coloridas, e verduras.



Louvado sejas, ó meu Senhor,

por aqueles que perdoam por teu amor

e suportam enfermidades e tribulações.

Bem-aventurados aqueles

que as suportam em paz,

pois por ti, Altíssimo, serão coroados.



Louvado sejas, ó meu Senhor,

por nossa irmã a Morte corporal,

à qual nenhum homem vivente pode escapar.

Ai daqueles que morrem em pecado mortal!

Bem-aventurados aqueles

que cumpriram a tua santíssima vontade,

porque a segunda morte não lhes fará mal.



Louvai e bendizei a meu Senhor,

e dai-lhe graças

e servi-o com grande humildade.





quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Apátrida


Era perto de casa, um sitio calmo onde tive um raro momento de visualização, onde vi e fotografei coisas lindas, onde dormi belas sestas e escutei a voz do vento...



E no domingo passado acordei, fui ao jardim e descobri que só restava isto. Um sinal dos tempos talvez... a silvicultura é um investimento a longo prazo, eles cresceram, eu cresci e  simplesmente chegou a altura da sua colheita. 
Talvez seja uma forma de egoismo, mas estou triste, no coração este sitio também era meu e já foram tantas as perdas. A maior dor do crescimento talvez seja a transformação do espaço, pouco resta do meu mundo. Talvez seja altura de abrir as asas e partir. Plantar os meus próprios pinhais, criar o meu próprio mundo, mas  ainda é tão dificil ir.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Problemas de Visaulização - um lamuriento desabafo

  Cosmic Bidge by Sigrid Nepelius
   Olá!
   Já há uns tempos que não escrevo nada de jeito por aqui, e há uma boa razão para isso. Há uns anos que insisto em ler uma obra que promove o auto conhecimento, porque acredito que ao repetir cada ciclo cresço mais um pouco. Porém nunca é fácil e há muitos momentos de frustração. Gira tudo em torno de um velho problema - visualização.
   Primeiro pediram-me para encontrar, visitar e sentir lugares sagrados e eu achei que seria praticamente impossível devido à construção de uma nova estrada nacional, que desflorestou o que restava da floresta da minha infância. Pensei em revisitá-las em espírito mas não se revelou fácil, a minha memória não é visualmente muito nítida e temi que ao forçar em vez de recordar criasse memórias falsas, coisa que não desejo para a minha infância. Adiei o confronto com o problema.
   Mas depois pediram-me directamente para visualizar, porque como escreveu Dion Fortune "a magia é a arte de mudar a consciência pela vontade". Mais uma vez a coisa não correu muito bem. Por um lado fui educada para louvar coisas invisíveis, por outro sempre me disseram para ter cuidado com a imaginação, a racionalidade, essa sim, era segura. Pelo que ver deuses e gnomos revelou-se tarefa ingrata e há qual não me consigo apegar. O meu contacto com a divindade sempre foi por pensamentos sobre a forma de palavras, sentimentos e súbitas ideias. Perante a minha dificuldade aconselharam-me a tentar na floresta ao que respondi: - Qual floresta?
   Pensei que talvez precisa-se de exercícios mais simples, realmente mais simples, do tipo olhar para uma flor durante algum tempo e depois visualizá-la de olhos fechados. Mas revelaram-se ainda mais difíceis, ao que parece quando fecho os olhos o meu cérebro simplesmente pára. Eu sempre soube que sonhava mais de olhos abertos mas tinha esperança que o treino mudasse isso... bem até à data não mudou e ao que parece entre os meus conhecidos sou a única assim. E nem vamos falar de construir cenários surrealistas porque a resposta adivinha-se.
   O que mais me irrita é que quando me ponho a lavar loiça, aspirar, etc... entro imediatamente em devaneios românticos muito pouco plausíveis. Quando não me perco nestes devaneios sou assaltada por memórias de todo o tipo de peripécias ridicularizantes pelas quais tenha passado na vida. Recordei-me porque detesto agir como uma menina prendada, simplesmente sinto-me mesquinha e desapaixonada. 
   Assim no fim de mais uma lua com resultados discutíveis decidi virar a página e espreitar o próximo capitulo, optimista com a ideia de que seria sobre magia herbal. Pois bem, não era, a minha memória traiu-me novamente. Digamos que tenho que visitar locais sagrados com raízes pagãs e imaginem só... visualizar como eram no tempo dos cultos pagãos, não só as estruturas mas também as práticas... sim as práticas, poderia haver terreno mais movediço, para um racionalista vindo de arqueologia? 
   É bem possível que esteja a fazer uma tempestade num copo de água, não é? Que só tenha que relaxar. Mas a questão pode também ser um pouco mais profunda. Afinal com tão fraca imaginação, posso vir ainda a encaixar-me numa prática religiosa extática, ou não? Esta pode ser aliás a definitiva linha de cisão entre a minha cosmologia e a wicca. E se não for extática, que mal há? Porque é que eu sinto isso como um problema? Por parecer-me que me aproximo do cristianismo? Isso não é verdade e além do mais o que não falta são relatos de êxtase religioso no cristianismo.
    Enfim são estas as grandes questões que tenho que trabalhar e que ao fim de tantos anos ainda não me sinto preparada para responder. Mas sei que não vale de nada virar-lhe as costas.

P.S.-Não tenham medo de dar ideias e opiniões que eu bem preciso delas. E sim já pensei nos aditivos e abstinências mas não me parece que fossem boa ideia para mim.