quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Problemas de Visaulização - um lamuriento desabafo

  Cosmic Bidge by Sigrid Nepelius
   Olá!
   Já há uns tempos que não escrevo nada de jeito por aqui, e há uma boa razão para isso. Há uns anos que insisto em ler uma obra que promove o auto conhecimento, porque acredito que ao repetir cada ciclo cresço mais um pouco. Porém nunca é fácil e há muitos momentos de frustração. Gira tudo em torno de um velho problema - visualização.
   Primeiro pediram-me para encontrar, visitar e sentir lugares sagrados e eu achei que seria praticamente impossível devido à construção de uma nova estrada nacional, que desflorestou o que restava da floresta da minha infância. Pensei em revisitá-las em espírito mas não se revelou fácil, a minha memória não é visualmente muito nítida e temi que ao forçar em vez de recordar criasse memórias falsas, coisa que não desejo para a minha infância. Adiei o confronto com o problema.
   Mas depois pediram-me directamente para visualizar, porque como escreveu Dion Fortune "a magia é a arte de mudar a consciência pela vontade". Mais uma vez a coisa não correu muito bem. Por um lado fui educada para louvar coisas invisíveis, por outro sempre me disseram para ter cuidado com a imaginação, a racionalidade, essa sim, era segura. Pelo que ver deuses e gnomos revelou-se tarefa ingrata e há qual não me consigo apegar. O meu contacto com a divindade sempre foi por pensamentos sobre a forma de palavras, sentimentos e súbitas ideias. Perante a minha dificuldade aconselharam-me a tentar na floresta ao que respondi: - Qual floresta?
   Pensei que talvez precisa-se de exercícios mais simples, realmente mais simples, do tipo olhar para uma flor durante algum tempo e depois visualizá-la de olhos fechados. Mas revelaram-se ainda mais difíceis, ao que parece quando fecho os olhos o meu cérebro simplesmente pára. Eu sempre soube que sonhava mais de olhos abertos mas tinha esperança que o treino mudasse isso... bem até à data não mudou e ao que parece entre os meus conhecidos sou a única assim. E nem vamos falar de construir cenários surrealistas porque a resposta adivinha-se.
   O que mais me irrita é que quando me ponho a lavar loiça, aspirar, etc... entro imediatamente em devaneios românticos muito pouco plausíveis. Quando não me perco nestes devaneios sou assaltada por memórias de todo o tipo de peripécias ridicularizantes pelas quais tenha passado na vida. Recordei-me porque detesto agir como uma menina prendada, simplesmente sinto-me mesquinha e desapaixonada. 
   Assim no fim de mais uma lua com resultados discutíveis decidi virar a página e espreitar o próximo capitulo, optimista com a ideia de que seria sobre magia herbal. Pois bem, não era, a minha memória traiu-me novamente. Digamos que tenho que visitar locais sagrados com raízes pagãs e imaginem só... visualizar como eram no tempo dos cultos pagãos, não só as estruturas mas também as práticas... sim as práticas, poderia haver terreno mais movediço, para um racionalista vindo de arqueologia? 
   É bem possível que esteja a fazer uma tempestade num copo de água, não é? Que só tenha que relaxar. Mas a questão pode também ser um pouco mais profunda. Afinal com tão fraca imaginação, posso vir ainda a encaixar-me numa prática religiosa extática, ou não? Esta pode ser aliás a definitiva linha de cisão entre a minha cosmologia e a wicca. E se não for extática, que mal há? Porque é que eu sinto isso como um problema? Por parecer-me que me aproximo do cristianismo? Isso não é verdade e além do mais o que não falta são relatos de êxtase religioso no cristianismo.
    Enfim são estas as grandes questões que tenho que trabalhar e que ao fim de tantos anos ainda não me sinto preparada para responder. Mas sei que não vale de nada virar-lhe as costas.

P.S.-Não tenham medo de dar ideias e opiniões que eu bem preciso delas. E sim já pensei nos aditivos e abstinências mas não me parece que fossem boa ideia para mim.

1 comentário:

  1. OLAZ,

    se a sua memória visual não é muito boa o que me diz da memória olfativa? dizem os cientistas que o olfato é capaz de nos transportar (e para isso sugiro o filme O PERFUME)... talvez vc compense a pouca memoria visual com maior memoria olfativa ou sonora... ao invés de tentar relembrar as imagens e cores do lugar, tente lembrar dos aromas e sons... pode ser que isso sirva de gatilho para puxar as memórias visuais... pelo menos comigo costuma funcionar...

    intepz,

    JOPZ

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