terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mito Iroquês - A origem da medicina

 

 Olá!!!
   Achei este mito Iroquês especialmente interessante e decidi partilhar, espero que gostem e gostava que partilhassem as vossas opiniões sobre ele.

  «Antigamente, os animais eram dotados de fala e viviam em alegre harmonia com os homens, mas a humanidade começou a reproduzir-se tão depressa que os animais foram forçados a morar nas florestas em lugares desertos, e a velha amizade entre animais e homens foi esquecida. A brecha alargou devido ao invento das armas mortais, com as quais o homem começou a matança indiscriminada dos animais para obter a sua carne e as suas peles.

   Os animais, a principio surpresos, cedo se enfureceram e começaram a pensar em modos de retaliação. A tribos dos ursos reuniu o seu conselho, presidido pelo Velho Urso Branco, o chefe. Após vários intervenientes terem denunciado as tendências sanguinárias da humanidade, foi decidido unânimemente que seria declarada guerra; mas a falta de armas era olhada como uma grande desvantagem. No entanto foi decidido que as armas dos homens deveriam ser viradas contra eles mesmos e, visto que o arco e a flecha foram considerados os principais agentes humanos de destruição, ficou decidido que seria criada uma imitação. Foi trazido um pedaço de madeira adequado e um dos ursos sacrificou-se para assim poderem obter cordas feitas de tripa para o arco. Quando o instrumento foi acabado, descobriu-se que as garras dos ursos interferiam no disparar da arma. Um dos ursos cortou as suas garras, mas o Velho Urso Branco disse sensatamente que assim não conseguiriam subir às árvores, nem tão pouco caçar; por isso, se as cortassem, morreriam todos à fome.

   Também os veados se reuniram com o seu chefe, Pequeno Veado. Foi decidido que todos os homens que matassem um membro da tribo dos veados sem depois pedirem perdão de maneira correcta, passariam a sofrer de reumatismo. Deram a conhecer esta nova regra a um acampamento de índios que se encontrava ali perto e explicaram-lhes como haviam de fazer para compensar o facto de terem matado um dos membros da tribo dos veados. Decretaram que, quando um veado fosse morto por um caçador, o Pequeno Veado correria para o local e, dobrando-se sobre as nódoas de sangue, perguntaria ao espiríto do veado que morrera se tinha ouvido a oração do caçador em forma de pedido de desculpa. Se a resposta fosse “sim”, tudo ficava bem e o Pequeno Veado ir-se-ia embora mas se a resposta fosse negativa, ele seguiria o caçador até à sua tenda e atingilo-ia com reumatismo, de maneira a que se tornasse um inválido inútil.

   Depois foi a vez de os répteis e os peixes se reunirem, ficando decidido que assombrariam todos aqueles que os atormentassem com sonhos em que cobras e serpentes se enrolavam nos seus corpos ou em que eles comiam peixes em decomposição.

   Por fim, os pássaros e os insectos e os animais mais pequenos reuniram-se também para o mesmo efeito. Cada um de sua vez deu a opinião e o consenso a que chegaram foi contra a espécie humana. Eles imaginaram e puseram o nome a várias doenças.

   Quando as plantas, que eram amigars dos homens, ouviram o que os animais estavam a planear, decidiram fazer com que as suas tentativas de destruir os homens saíssem furadas. Cada árvore, arbusto, relva ou mesmo erva decidiu criar um remédio para algumas das doenças referidas. Quando o médico tinha dúvidas no que dizia respeito ao tratamento a administrar para o alívio de um paciente, o espírito da planta sugeria um remédio adequado. Foi assim que nasceu a medicina.»
SPENCE, Lewis, 1997, Guia Ilustrado de Mitologia Norte-Americana, Lisboa, Editorial Estampa

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